Em reportagem sobre Jovens que vivem em rede de túneis na Ucrânia no programa Domingo Espetacular (Rede Record), divulgada no último domingo, 15 de dezembro, se alerta sobre o uso de uma droga conhecida como “boltushka”, que em russo significa “mistura”, uma pseudoanfetamina.
O abuso desta droga é muito comum na cidade de Odessa, capital da Ucrânia, país localizado no Leste Europeu. Diversos adolescentes e jovens sem família habitam construções e túneis da cidade, e lá fazem o uso da droga.
Mas afinal, o que é a Boltushka e quais os riscos para à saúde?
A droga é uma mistura de vinagre, água morna, permanganato de potássio e medicamento à base de fenilpropanolamina, para resfriado e descongestionante, é produzida de maneira artesanal pelos próprios usuários.
Os usuários relatam que a misturaa é produzida pela agitação dos comprimidos esmagados e adição de água morna, vinagre e permanganato de potássio (KMnO4), até obterem um líquido de coloração marrom escura e com “odor de cereja”, que é um aroma característico de cetonas. Alguns usuários relatam que é possível substituir o vinagre por ácido acetilsalicílico.
O grande número de dependentes é devido ao custo baixo da droga e a relativa facilidade de obtenção dos ingredientes, tais como o vinagre e fenilpropanolamina, sendo, entretanto, o permanganato de potássio de mais difícil obtenção. O KMnO4 é comumente empregado como desinfetante na Europa Ocidental, com o nome de marganzovka (em russo). Há alguns anos atrás a marganzovka era comercializada em lojas, mas as autoridades locais proibiram devido ao número de pessoas que compravam com a intenção de fabricar explosivos. Atualmente o Ministério da Saúde ucraniano exige que as farmácias comercializem o produto somente com a apresentação de certificado especial e sendo a venda limitada a apenas uma embalagem por pessoa (3 – 5 g). Porém, os dependentes relatam que é fácil obter o permanganato nas farmácias da região.
A droga é injetada principalmente nos braços e pernas, se injetada sob a pele, provoca abcesso e extrema dor. Se usada por via oral, o efeito é completamente diferente, provoca inchaço e náusea. Há relatos de usuários que injetam mais de dez vezes por dia, o padrão de uso é de cinco a seis vezes por dia.
Os dependentes da boltushka relatam incrível sensação de paz e flutuação do corpo. Os efeitos nocivos à saúde são graves.
Os jovens relatam a sensação de serem sacudidos, rangem os dentes, e podem desenvolver abcessos e queimaduras na pele, muitos perdem a capacidade de falar claramente, murmuram e tem dificuldade de mover o queixo. Sob o efeito da droga, os usuários apresentam comportamento alterado, agitação, perda de apetite e trabalho por horas estendidas.
A perda de apetite faz com que tal droga seja eleita por jovens e crianças que vivem nas ruas. Os usuários crônicos apresentam perda da função cognitiva, sintomas como Alzheimer (declínio na função mental e memória), dano cerebral, além de efeitos sobre o desenvolvimento mental e problemas físicos – distúrbio de movimento induzido.
Além dos efeitos da droga, outra grande preocupação é o compartilhamento das seringas pelos jovens, e com isso há elevado número de casos de indivíduos com HIV.
Referências:
Grund, et. al., The fast and furious — cocaine, amphetamines and harm reduction, p. 191 – 232, 2010.
Chintalova-Dallas, R., Case, P., Kitsenko, N. and Lazzarini, Z. (2009), ‘Boltushka: a homemade amphetaminetype stimulant and HIV risk in Odessa, Ukraine’, International Journal of Drug Policy 20, pp. 347–51.
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