Atualmente, segundo reportagem publicada no site G1 da Globo, agentes da antiga Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) estão apresentando vários problemas de saúde, para os quais procura-se estabelecer um nexo causal entre a exposição ao DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano) e os efeitos à saúde humana de usuários e/ou aplicadores do produto. Conforme a matéria, uma longa discussão vem se estendendo sobre a necessidade de indenização a estes trabalhadores.
O DDT é o primeiro praguicida considerado moderno. Teve expressivo emprego após o fim da Segunda Guerra Mundial no combate aos mosquitos vetores da malária e do tifo. Tal composto foi primeiramente sintetizado em 1874, suas propriedades inseticidas foram determinadas em 1929, pelo químico suíço Paul Hermann Müller. O agente é sólido em condições de 0°C a 40°C, insolúvel em água e miscível em alguns solventes orgânicos.
O referido composto tem ampla ação inseticida, altamente eficiente e apresenta curto período de tempo para sua ação, entretanto, pode provocar efeitos nocivos ao ser humano, principalmente a longo prazo, e também ao meio ambiente. A bióloga Rachel Carson relatou no livro, atualmente considerado um grande clássico, Primavera Silenciosa (Silent Spring, em inglês), os efeitos deste produto à saúde humana, tais como câncer, além de relatar os efeitos nocivos aos animais, como mortalidade de pássaros.
Com o conhecimento de que o composto tem altos potenciais de persistência (meia-vida no solo de 2 – 15 anos), bioconcentração e biomagnificação, e, devido ao potencial de toxicidade para a reprodução e a carcinogenicidade, evidenciados em estudos com animais, o DDT teve seu ciclo (produção, armazenamento, aplicação etc.) proibido em muitos países, inclusive no Brasil (aqui, pelas leis n° 329 de 1985 e n° 11.936 de 2009). Muitos países baniram o DDT na década de 70, dentre eles os EUA. O composto tem seu uso controlado pela Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos Persistentes.
Esta notícia evidencia que o impacto da exposição a substâncias químicas pode se estender por anos, e mesmo, por gerações. Recentemente diversas matérias têm discutido a questão do mercado ilegal de praguicidas provenientes da China, como aponta um especial publicado pelo Le Monde sob o título “Ecocide”.
Referências
http://www.lemonde.fr/planete/article/2015/02/21/ecocide-pesticides-connection_4581050_3244.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11936.htm
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