A Síria passa por uma guerra civil desde 15 de março de 2011. Trata-se de um conflito interno, segundo a BBC Brasil “a população civil luta pela mudança de governo e do presidente Bashar al-Assad. Os civis protestam para que o país tenha uma nova liderança democrática, expansão dos direitos civis, reconhecimento dos direitos dos curdos (grupo étnico), e o fim do estado de emergência”.
O governo luta contra os protestantes e ocorrem frequentemente ataques violentos contra os civis e chegou a anunciar em julho de 2012 que empregaria armas químicas e biológicas contra a população caso sofresse ataque externo, segundo relata Globo.
A Folha de São Paula noticiou que em 19 de janeiro de 2013, fontes de serviços secretos ocidentais relataram que em 23 de dezembro de 2012 a Síria utilizou armas químicas incapacitantes no bairro de Al Bayyada contra a população civil.
As substâncias químicas têm sido utilizadas nas guerras desde tempos remotos, por exemplo, em 600 a.C. os atenienses envenenavam as águas de um rio com raiz de Heléboro, os inimigos consumiam a água e apresentavam intensa diarréia. Mas foi a partir da Primeira Guerra Mundial que estas armas ganharam a conotação de armas de destruição em massa, pois foram amplamente utilizadas com a finalidade de provocar injúrias e/ou mortes. Desde então, os agentes químicos foram intermitentemente utilizados em guerras e em atos terroristas.
Na Segunda Guerra Mundial algumas substâncias foram empregadas pelos alemães nas câmaras de gás com a finalidade de exterminar civis e militares. Na Guerra do Vietnã empregou-se o desfolhante conhecido como Agente Laranja, que devastou a floresta vietnamita, além do emprego do Napalm – uma mistura de ácido naftênico e ácido palmítico com característica incendiária, diversas foram as vítimas deste agente. Na Guerra Irã-Iraque foi amplamente empregado o agente mostarda e os agentes neurotóxicos, provocando mais de 45.000 vítimas.
Em 1994 ocorreram ataques com gás sarin no metrô de Tóquio, e em 2002 uma substância conhecida como BZ (3-quinonuclidinil-benzilato) foi empregada pelas forças russas para libertar reféns, o que provocou a morte de mais de 100 pessoas.
Diversos países possuem um arsenal de agentes químicos, a despeito do esforço legislativo do mundo para banimento de tais agentes, sob a Convenção de Armas Químicas, que entrou em vigor no ano de 1997. No entanto, a fabricação desses agentes não pode ser totalmente proibida, pois alguns têm potencial uso industrial. Além disso, apesar de medidas de correção tomadas até o momento e a condenação de sua utilização no mundo, há uma grande facilidade na fabricação destes compostos.
A Síria possui um dos maiores arsenais de armas químicas do mundo, dentre elas, o gás mostarda, gás sarin e o agente VX.
Os agentes químicos de guerra são classificados de acordo com o mecanismo de ação tóxica nos seres humanos, como (i) agentes neurotóxicos (ex. sarin, tabun, agente VX), (ii) agentes vesicantes e levisita (ex. gás mostarda, fosgênio oxima) (iii) agentes sanguíneos (ex. cloreto de cianogênio, cianeto de hidrogênio), (iv) agentes sufocantes (ex. fosgênio, cloro) e (v) toxinas (ex. ricina, saxitoxina). Alguns destes são tão devastadores quanto outras armas poderosas. Muitos, além de provocarem lesões imediatas, estão associados com morbidades e problemas psicológicos a longo prazo.
Esse incidente gerou uma série de atuações internacionais, principalmente da Rússia. O presidente dos EUA Barack Obama disse que o uso de armas químicas pela Síria ou a decisão de controlá-las levaria a uma intervenção com mais força no conflito por parte dos Estados Unidos.
Essa situação confirma que o emprego de armas químicas para ferir ou incapacitar indivíduos permanece sendo uma ameaça à população mundial, e não é apenas história da primeira guerra mundial, quando seu emprego foi absurdo.