Dentro do sempre turbulento domínio da Toxicologia Social, foi divulgado, pelo jornal O Estado de São Paulo que é provável que a FDA – Food and Drug administration proíba a venda de cigarros com sabor de menta nos EUA.
Os conselheiros da agência estão analisando o impacto dos cigarros com sabor à saúde.
A previsão de publicação do relatório final é março desse ano. Para a FDA, o sabor do cirgarro estimula crianças a começarem a fumar por mascarar o sabor da nicotina. Para a indústria, há “conflito de interesses e preconceito” por parte da FDA. Estima-se que os cigarros com sabor representem 30% das vendas nos EUA, e por tal motivo duas indústriais de tabaco foram à justiça norte-americana para tentar impedir que a FDA regularize a proibição da venda.
A situação no Brasil não é muito diferente da dos EUA. No ano passado a revista ISTO É divulgou uma reportagem a respeito do assunto. A reportagema cita que a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária vem analisando a composição desse tipo de cigarro e trabalha para comprovar a tese de que eles incentivam o consumo precoce, inclusive entre crianças, causando mais dependência. O passo seguinte é pedir a proibição da venda no país. Atualmente, esses cigarros são encontrados nos mais diversos sabores, desde o tradicional até a menta, passando pelo de cereja (o preferido das garotas) e o de chocolate e baunilha.
“O jovem é atraído pelos aromas variados e vai se tornando dependente”, afirma a psiquiatra Célia Lídia da Costa, coordenadora do Núcleo de Apoio ao Tabagista do Hospital do Câncer A. C. Camargo de São Paulo. Segundo ela, ainda há poucos estudos sobre os saborizados, mas já se sabe que quem os consome fuma mais do que os adeptos do tradicional, já que o gosto da nicotina é camuflado.
Uma pesquisa feita entre 2002 e 2005 pelo INCA – Instituto Nacional do Câncer com a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, revelou que 44% dos estudantes brasileiros entre 13 e 15 anos que fumam regularmente preferem os aromatizados. A pesquisa ouviu 13 mil alunos de 170 escolas de dez capitais brasileiras. “Os cigarros com sabor são uma alternativa para atrair novos fumantes,” afirma o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini.
O toxicologista André Luiz da Silva, da ANVISA, explica que os sabores são a arma mais poderosa para facilitar a dependência, já que derrubam as barreiras do gosto amargo e do cheiro forte do cigarro. “Vencidos esses impactos, a nicotina faz o resto, que é viciar.” Segundo ele, a menta, por exemplo, tem poder anestésico, que ameniza a irritação na garganta, e o chocolate, por sua vez, é um broncodilatador, aumentando a absorção da nicotina pelo organismo.
Fonte: Disponível em<http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110228/not_imp685395,0.php>. Acesso em: 28 fev. 2011
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