Inmetro estabelece limite para metais pesados em bijuterias e joias

Inmetro estabelece limite para metais pesados em bijuterias e joias

De acordo com o Jornal do Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) estabeleceu limites para a presença de metais pesados, como cádmio e chumbo, para a fabricação e importação de bijuterias e joias. Os fabricantes e importadores terão prazo de 36 meses para se adequarem às novas regras, que estabelecem concentrações máximas de 0,01% do metal presente para contato com o corpo de cádmio e 0,03% de chumbo, em peso, respectivamente, para cada produto analisado. O objetivo do Inmetro é impedir a entrada de produtos irregulares e de baixa qualidade no mercado e que possam trazer riscos à saúde da população e ao meio ambiente, além de proteger o mercado nacional da concorrência desleal.

Chumbo (Pb)

O Pb é um elemento de ocorrência natural, amplamente utilizado há milhares de anos. Assim, todos os seres humanos têm chumbo em seus organismos como resultado da exposição às fontes exógenas. No entanto, este metal não possui nenhuma função fisiológica conhecida no organismo, e seus efeitos tóxicos sobre os homens e animais já são conhecidos há muito tempo por afetarem praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo humano.

Apenas seus compostos orgânicos conseguem penetrar no organismo por via cutânea, por exemplo, o chumbo tetraetila que penetra rapidamente no organismo pelos pulmões, pelo trato gastrointestinal e pela pele. Em níveis de exposição moderada, um importante aspecto dos efeitos tóxicos deste metal é a reversibilidade das mudanças bioquímicas e funcionais induzidas. Esses efeitos são principalmente devidos à interferência do chumbo no funcionamento das membranas celulares e enzimas, formando complexos estáveis com ligantes contendo enxofre, fósforo, nitrogênio ou oxigênio (grupamentos -SH, -H2Po3, -NH2, -OH) como doadores de elétrons

O chumbo altera a biossíntese da hemoglobina em vários níveis enzimáticos, bem como a síntese da globina e a utilização intracelular do ferro. Há uma inibição da desidratase do ácido – aminolevulínico (ALA-D) dos processos de incorporação do ferro na protoporfirina IX (PPIX) com participação da sintetase hêmica e da oxidase do coproporfirinogênio. Os substratos, ácido –aminolevulínico (ALA), coproporfirinogênio/coproporfirina III (CPIII) e PPIX, dessas reações enzimáticas acumulam-se nos tecidos como efeito característico do chumbo no organismo humano.

Devido ao seu baixo peso molecular, ácido -aminolevulínico ultrapassa a barreira das membranas celulares elevando-se no soro, sendo excretado em quantidades crescentes na urina. A protorfirina não passa pelas membranas celulares, acumulando-se principalmente nos glóbulos vermelhos, onde se encontra 90%, na forma de “protoporfirinas eritrocitárias livres” (FEP). Os 10% restantes compreendem o CPIII e algumas uroporfirinas. Devido a inibição da sintetase hêmica, a PPIX não utilizada produz quelação nos íons de zinco e manganês. O complexo zinco-protoporfirina IX-globina (ZPP), formada nas células eritropoiéticas e glóbulos vermelhos aumenta rapidamente com a exposição ao chumbo. Na intoxicação por chumbo os níveis de ácido ALA, CPIII na urina e das protoporfirinas nos glóbulos vermelhos são elevados juntamente com níveis normais de porfobilinogênio e uroporfirinogênio na urina.

O chumbo inibe o transporte intracelular do ferro e o seu uso nas células eritropoiéticas, aumentando seus níveis nas células, no soro e na urina. O ferro não hemoglobínico (ferritina, hemossiderina) é depositado nos glóbulos vermelhos com mitocôndrias danificadas e fragmentos contendo proteínas de alto peso molecular, além de RNA e polissacarídeos que não são detectados nos glóbulos normais. Estas formações, devido a presença do RNA podem ser visualizadas pelo processo tintorial específico para basófilos, chamados de eritrócitos pontilhados basofilicos. Este fenômeno, assim como uma elevação dos reticulócitos podem ser parcialmente explicados pela inibição da ribonuclease induzida pelo chumbo. Possui ainda, outros efeitos sobre os glóbulos vermelhos, como a inibiçào da atividade da ATPase na membrana, a perda de potássio e o nível reduzido de glutationa, reduzindo sua expectativa de vida.Portanto, há um aumento na produção dessas células vermelhas, evidenciado pelo reticulócitos circulantes e pela hiperplasia de células eritropoiéticas na medula óssea com alterações atípicas (alterações na hemoglobinação, acúmulo do ferro não hemoglobínico e polissacarídeos, retardamento na maturação). Estes efeitos sobre a medula óssea podem ser indicadores precoces de efeitos similares em outros órgãos, por exemplo, na síntese do citocromo hepático P450, apresentando alterações importantes, principalmente nas crianças que apresentam envenenamento agudo por chumbo.

Cadmio (Cd)

No Cd a absorção pela pele é muito pequena, uma vez que o cádmio é absorvido é fortemente retido, inclusive baixas doses deste metal podem constituir um nível significativo no organismo se a exposição se prolonga durante um longo período de tempo. O risco aumenta no caso de ferimentos na orelha e uso contínuo de brincos revestidos com este metal.

A taxa de absorção cutânea, diária de cloreto de cádmio a partir da água e do solo para a pele humana, aplicando-se cloreto de cádmio, com concentração de 116 µg L-1 (5 µL por cm2 de pele de cadáver humano), observou-se que as amostras conseguem reter um teor máximo de 12,7% da dose aplicada. Baseado na literatura concluiu-se que a metalotioneina atua como agente desintoxicante unindo-se ao cádmio e que a diminuição de sua síntese aumenta a concentração de cádmio livre, provocando danos ao DNA e inibindo a síntese proteica.

Inicialmente o cádmio circula no plasma, primeiramente ligado à albumina, atinge o fígado, onde ocorre a ligação com a metalotionina, e volta para a corrente sanguínea. O metabolismo da metalotionina no fígado e nos rins é relativamente independente da via de exposição: exposição via inalação induz metalotionina no pulmão e a exposição oral induz a metalotionina no intestino. O complexo cádmio-metalotionina é filtrado pelos glomérulos renais e reabsorvido do filtrado glomerular no túbulo proximal. A metalotionina ligada ao
cádmio é filtrada através dos glomérulos para a urina primária, o complexo cádmio-metalotionina é subsequentemente reabsorvido da urina primária e é biotransformado em peptídeos e aminoácidos menores

Somente após o término do prazo de adequação, 36 meses, as indústrias e os importadores ficarão sujeitos às penalidades previstas na lei. A fiscalização será exercida pelo Inmetro, por meio dos órgãos delegados, que são os institutos de Pesos e Medidas de cada estado, enquanto o prazo não chega devemos monitorar a exposição a esses metais pesados para que não ocorra uma sobrecarga tóxica no nosso organismo ocasionando lesões permanentes .
Referências

AZEVEDO, Fausto Antonio de; CHASIN, Alice A. da Matta. METAIS: GERENCIAMENTO DA TOXICIDADE. São Paulo: Atheneu, 2003

BRASIL, Agência. Inmetro estabelece limite para metais pesados em bijuterias e joias. Disponível em: . Acesso em: 01 fev. 2016.

OS RISCOS DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CÁDMIO. Niterói: Revista Eletrônica Sistemas & Gestão, 2014. Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2016.

POTENCIAL TÓXICO DOS ALGINATOS PARA USO ODONTOLÓGICO. Araraquara: Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, 2007.

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