Os atuais limites de exposição estabelecidos são seguros?
A EPA (Environmental Protection Agency) instituiu uma nova lista com 134 substâncias que deverão ser avaliadas quanto aos potenciais efeitos no sistema endócrino. Após consulta pública, serão emitidas ordens de avaliação aos fabricantes e responsáveis por registro dos produtos, obrigando-os a gerar informações sobre a interferência dos agentes químicos em vias do sistema endócrino, incluindo distúrbios estrogênicos, androgênicos e da tireóide.
Notificações sobre inclusão ou exclusão de substâncias na lista, serão aceitas até 17 de dezembro de 2010.
Estão incluídas na lista de substâncias aquelas utilizadas em produtos como solventes orgânicos, em plásticos, produtos de uso pessoal; da produção farmacêutica, como etileno glicol, eritromicina, quinolina, nitroglicerina; substâncias consideradas prioritárias pela Safe Drinking Water Act (SDWA) ou “Lei da água potáveis segura”; e inclusive, praguicidas que já vinham sendo avaliados desde 2009, pelo programa de revisão de registro (que vem definindo e revisando padrões regulatórios). Uma primeira lista com 67 substâncias foi divulgada em abril de 2009, incluindo ingredientes ativos e inertes de praguicidas e de alto volume de produção. Acesse aqui a lista.
Segundo a agência americana, os dados gerados pelo programa designado como Endrocrine Disruptor Screening Program (EDSP), fornecerão informações científicas sistemáticas e consistentes, úteis na identificação da necessidade de testes adicionais ou de outras etapas, para obtenção de conhecimento quanto aos efeitos tóxicos das substâncias ao sistema endócrino. Sabe-se bem que efeitos tóxicos no sistema endócrino resultam em problemas no desenvolvimento e na reprodução. A EPA tem expandido a avaliação, para incluir efeitos em hormônios masculinos, e efeitos em peixes e outras espécies da vida selvagem.
Na avaliação, as substâncias passam por uma primeira triagem (Tier 1), e posteriormente, aquelas que apresentarem potencial de interação com o componentes do sistema-alvo selecionado, são submetidas à novos testes da segunda etapa de avaliação (Tier 2). Apresentamos a seguir, a lista de divulgada com as 134 substâncias selecionadas para triagem inicial (Tier 1) em 2011:
Table 1–Second EDSP List of Chemicals for Tier 1 Screening
Observamos que o Bisfenol-A, um estrógeno sintético, CAS n° 80-05-7, um dos atuais suspeitos de causar distúrbios endócrinos, não está na lista, mas conforme já publicado em matéria anterior, a FDA (Food and Drug Administration) vem investindo em pesquisas e no aconselhamento de empresas, ao aguardo dos resultados.
A decisão final quanto ao BPA ainda não foi divulgada pelas agências americanas. Para avaliar a toxicidade do BPA, a FDA vem realizando estudos não-humanos, como Physiologically based pharmacokinetic modeling studies (Estudos fisiologicamente baseados em modelagem farmacocinética), com roedores e espécies de primatas; estudos subcrônicos com espécies de roedores; estudos comportamentais e neuroanatômicos (com roedores). Os resultados devem estar disponíveis para a tomada de decisão sobre o BPA em 2012. Leia o comunicado da FDA.
Um plano de ação específico também foi desenvolvido pela EPA, para encorajar a redução de fabricação e de liberação do BPA no ambiente, com conseqüente diminuição da exposição. Está prevista para o final de 2011 a finalização da avaliação ambiental e de saúde da EPA. Clique aqui e acesse plano de ação da EPA.
No cenário da toxicologia regulatória, podemos observar além da problemática do grande número de substâncias que ainda não foram avaliadas quanto à toxicidade, existem ainda aquelas que apesar de avaliadas, expressam incertezas, já que os efeitos críticos selecionados nas avaliações podem não ser os únicos existentes; podendo ocorrer outros efeitos, mesmo em níveis mais baixos de exposição. Conseqüentemente, torna-se necessário atentar-se ao surgimento estudos e informações científicas emergentes.
Novos testes de avaliação da toxicidade podem indicar existência efeitos em sistemas diferentes dos já avaliados, e que podem ocorrer em níveis mais baixos de exposição que os já estabelecidos, evidenciando a necessidade de revisão de padrões estabelecidos. Apesar de complexo, este processo de constante atualização pode e deve ser acompanhado por governos, empresas e agências, desde que se disponha de apoio técnico apropriado.
A questão do estabelecimento de limites seguros, a partir dos dados fornecidos pela avaliação da toxicidade, torna-se ainda mais complexa quando se estende ao contexto ecotoxicológico, já que amplia-se muito o número de espécies-alvo e das variáveis de exposição envolvidas (da substância, do ambiente e das espécies), com difícil seleção de espécies representativas devido ao limitado conhecimento sobre a dinâmica ambiental. Esse é mais um dos desafios da toxicologia moderna.
FONTES:
FDA- Food and Drug Administration. Update on Bisphenol A for Use in Food Contact Applications: January 2010. Acessado em 26 de novembro de 2010. Disponível em:
http://www.fda.gov/NewsEvents/PublicHealthFocus/ucm197739.htm
USEPA – U. S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. EPA to Expand Chemicals Testing for Endocrine Disruption. Acessado em 26 de novembro de 2010. Disponível em:
USEPA – U. S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Endocrine Disr
uptor Screening Program (EDSP). Acessado em 26 de novembro de 2010. Disponível em:
USEPA – U. S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY.Endocrine Disruptor Screening Program; Draft Policies and Procedures for Screening Safe Drinking Water Act Chemicals. Acessado em 26 de novembro de 2010. Disponível em:
USEPA – U. S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Final List of Initial Pesticide Active Ingredients and Pesticide Inert Ingredients to be Screened Under the Federal Food, Drug, and Cosmetic Act. Acessado em 26 de novembro de 2010. Disponível em:
http://www.epa.gov/scipoly/oscpendo/pubs/final_list_frn_041509.pdf
USEPA – U. S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Bisphenol A Action Plan. Acessado em 26 de novembro de 2010. Disponível em:
http://www.epa.gov/opptintr/existingchemicals/pubs/actionplans/bpa_action_plan.pdf
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