Educação e Conservação Ambiental

Educação e Conservação Ambiental

Durante a atualização da Biblioteca Intertox para seu novo espaço, com estantes especializadas para Biblioteca além da higienização e expansão do acervo, muitas obras interessantes vêm sendo redescobertas, obras que caminham juntamente com assuntos da atualidade.

Inovação e Meio Ambiente (Asher et. al., 2003), Cidadania e Meio Ambiente (Loureiro, 2003), Educação Ambiental (Sato, 2003) são todas obras que discutem a questão do avanço das inovações tecnológicas e as consequências que o meio ambiente sofre pelas mesmas.

Quando nossos avós compraram sua primeira geladeira ou televisão, eles não pensavam em um dia ter de substitui-la. A premissa era válida, já que os antigos eletrodomésticos eram feitos para durar muitas décadas, uma verdadeira vida: máquinas de lavar, micro-ondas, toca discos; e se caso houvesse algum incidente que prejudicasse seu funcionamento era rapidamente solucionado em lojas de consertos, aqueles populares estabelecimentos cheios, do chão ao teto, de diversos aparelhos eletrônicos de todos os tipos.

Porém, na última década vivemos uma situação bem diferente dos nossos antecessores. Não só por sermos bombardeados com novidades eletrônicas a todo o instante, mas também pela velocidade que as mesmas novidades se tornam obsoletas. Um aparelho celular ganha uma nova versão e se torna antiquado em menos de um ano após seu lançamento, um computador que dure mais de quatro anos é considerado excepcional, e a manutenção deixou de ser uma opção, já que os defeitos em decorrência do tempo de uso são irreversíveis.

O nome desse fenômeno se chama “Obsolescência Programada” que tem como função “reduzir a vida útil e dificultar o conserto e retífica de produtos, modificando os projetos e peças com mais frequência […] para garantir que sejam usados pelo menor tempo possível, acelerando o ciclo de consumo”1.

A Obsolescência Programada estimula a sociedade de consumo atual, Martins e Souza descrevem os hábitos consumistas como uma maneira de alcançar status relevante, seja ele social, econômico ou cultural (2013)2, consumo que por muitas vezes – se não em todas – esbarra com o meio ambiente da qual os recursos são extraídos.

Também é importante notar a quantidade assustadora de lixo eletrônico que vem surgido devido ao descarte sem aproveitamento de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. Atualmente o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking dos maiores produtores de lixo eletrônico da América Latina3, se por um lado estamos entre um grupo de países em ascensão tecnológica, por outro lidamos com o desastre que nossas ações impensadas geram ao nosso Meio Ambiente.

Para evitar mais problemas futuros e atuais surge a “Educação do Consumidor”, uma forma de informar ao comprador sobre o que compra, como ele utiliza e como deve-se descartar. A Educação do Consumidor tem relação paralela a Educação Sustentável (ou Ambiental) que tem como objetivo preservar o meio ambiente ao nosso redor, proteger recursos naturais e diminuir o descarte indevido de itens quer são tóxicos para o planeta, e consequentemente, para nós mesmos.

[…] o meio ambiente não é simplesmente um objeto de estudo ou um tema a ser tratado entre tantos outros; nem que é algo a que nos obriga um desenvolvimento que desejamos seja sustentável. A trama do meio ambiente é a trama da própria vida, ali onde se encontram natureza e cultura; o meio ambiente é o cadinho em que se forjam nossa identidade, nossas relações com os outros, nosso “ser-no-mundo”.

(SAUVÉ, Lucie, p. 317. 2005)4

Jacobi (2005)5 entende que o conflito entre desenvolvimento e conservação do meio ambiente é um debate que está longe do fim. Quando a questão a ser debatida é o consumo e os valores monetários envolvidos, o meio ambiente acaba ficando a margem. Uma pesquisa6 realizada pelo site Cupons Mágicos, uma ferramenta que disponibiliza cupons de descontos na compra de produtos pela internet, concluiu que 96% dos consumidores brasileiros se preocupam com o meio ambiente, mas não estão dispostos a gastar mais para tal. A pesquisa também questiona os hábitos dos consumidores, e os resultados apontam que a maior parte dos brasileiros opta pela utilização de itens que contribuam com o meio ambiente, como as lâmpadas LED.

Para que a Educação Sustentável seja de fato efetiva é necessário que o consumidor compreenda que resgatar o meio ambiente, é resgatar a si mesmo. Sauvé (2005) descreve que a busca pela conservação ambiental ganha mais sentindo quando aproximamos os laços que temos com nosso meio ambiente, como parte dele, seres do mesmo ciclo de vida, e deixamos nossas individualidades para abraçarmos as vantagens de pensar no coletivo.

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Referências

[1] COSTA, Daiane. O Globo. 2012. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/produtos-feitos-de-proposito-para-durar-pouco-6310709>. Acesso em 7 de jul. 2016.
[2] MARTINS; SOUZA. A educação sustentável do consumidor e os efeitos do consumo exarcebado no mundo capitalista. Jornal da Fundação. 2013. Disponível em: . Acesso em 08 de jul. 2016.
[3] LIMA, Claudio. Brasil lidera ranking na produção de lixo eletrônico; PSafe. 2015. Disponível em: http://www.psafe.com/blog/brasil-lidera-ranking-na-producao-de-lixo-eletronico/. Acesso em 7 de jul. 2016.
[4] SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: Possibilidades e Limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p.317-322, maio 2005.
[5] JACOBI, Pedro Roberto. Educação Ambiental: O desafio da construção de um pensamento crítico, completo e reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 2, n. 31, p.233-250, maio 2005.

[6] KRAUNISKI, Julie. 96% dos Brasileiros se importam com o Meio Ambiente. Cupons Mágicos, 2016. Disponível em:https://www.rebatly.com/br/press/pesquisas-e-estudos/dia-do-meio-ambiente. Acesso em 07 de jul. 2016.

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