No dia 26 de janeiro, foi divulgado, quase em todos os meios de comunicação, que um refrigerante à base de maconha, o “Canna Cola”, estará nas lojas do Estado americano do Colorado, em fevereiro. Cada garrafa terá entre 35 e 65 miligrama de THC (tetrahidrocanabinol), o principal ingrediente psicoativo da Cannabis, o gênero botânico cuja espécie sativa é utilizada para produzir haxixe e maconha.
São 15 os Estados americanos onde o uso da maconha para fins medicinais é legal. No entanto, as condições para sua legalidade mudam de um lugar para o outro, e maconha, independentemente do propósito, continua sendo ilegal pelas leis federais.
Há um projeto de lei no Congresso americano, assinado pela senadora Dianne Feinstein, conhecido como “Brownie Law”, aprovado pelo Senado no ano passado cuja proposta é aumentar as penas para os que fazem produtos que misturem maconha com “algo doce”.
O criador do “Canna Cola” é o empresário Clay Butler, que assegura que nunca fumou maconha e que elaborou a bebida por “acreditar que os adultos têm o direito de pensar, comer, fumar, ingerir ou vestir o que quiserem”.
Além do sabor de cola, serão lançados, ao mesmo tempo, os de limão chamado “Sour Diesel”; de uva, de nome “Grape Ape”; de laranja, “Orange Kush”, e, por fim, o inspirado na popular bebida Dr. Pepper, o “Doc Weed”.
De acordo com Scott Riddell, criador da empresa que comercializará a bebida, os níveis de THC em “Canna Cola” serão menores que os de outras bebidas do mesmo tipo que já estão no mercado. A bebida terá um “leve sabor de maconha” e o efeito no organismo será similar ao de uma “cerveja suave”.
A única indicação terapêutica aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration) e pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para uso do delta 9THC sintético (Marionol), é como antiémetico, no tratamento de pacientes com câncer, os quais são submetidos à quimioterapia e não respondem aos tratamentos convencionais para náusea e vômito.
O delta 9THC sintético é o principal constituinte ativo da maconha, e sua atividade psicoativa é proporcional à concentração. Os produtos da Cannabis têm tendência a perder a potência quando armazenados, conforme o tempo ou as condições de estocagem. As condições ambientes, os meios de cultivo e a maneira como as folhas são conservadas influenciam no teor de delta 9THC.
A absorção no organismo pode se dar por diversas formas: por via pulmonar, em que ocorre absorção alveolar; por via intravenosa e por via oral, em que há absorção pelo TGI (trato gastrintestinal). No caso dos refrigerantes, a absorção será pelo trato gastrintestinal, a qual é lenta e irregular. Possui baixa biodisponibilidade, principalmente por causa da intensa biotransformação hepática pela qual passa, sendo por conta desses fatores que a resposta por uso oral é mais demorada.
Os efeitos a curto prazo variam de indivíduo para individuo, podendo oscilar entre euforia, perda da capacidade de discriminação do tempo, coordenação motora diminuída, falhas nas funções cognitivas e intelectuais entre outros. Doses mais elevadas podem levar a paranóias, alucinações e ilusões. Já os efeitos a longo prazo não são totalmente comprovados.
Um cigarro de maconha com 500mg de erva, contendo 2% de THC (equivalente a 10mg de delta 9THC), terá 1,8 mg biodisponíveis por via pulmonar e 0,6 mg por via oral.
Fontes:
CHASIN, Alice Aparecida da Matta.; LIMA, Irene Videira de.; Silva, Erasmo Soares da. São Paulo: livronline, 2001.